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Economia

Com a crise, o preço dos combustíveis vai cair? Tire suas dúvidas


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Os preços dos contratos do petróleo recuaram ao redor de 20% nesta segunda-feira (09/03), depois que a Arábia Saudita cortou o valor de venda do barril e indicou o início de uma guerra de preços entre os grandes produtores. Na abertura dos negócios no mercado asiático, ainda no noite desse domingo (08/03), no horário de Brasília. O preço do petróleo do tipo Brent chegou a recuar 31%, no maior tombo desde a Guerra do Golfo, no início dos Anos 1990.

A Rússia se opôs ao corte de produção sugeridos pela Opep para estabilizar os preços da commodity em meio à epidemia de coronavírus, que desacelera a economia global e afeta a demanda por energia.

No Brasil, a queda brusca dos preços do petróleo levanta uma dúvida: afinal, o preço dos combustíveis vai cair? Especialistas ouvidos pelo Estadão explicam o que pode acontecer agora com a “crise do petróleo”.

  • Os preços da gasolina e do diesel devem cair?

Seguindo a política atual de preços, a Petrobras vai acompanhar a queda do petróleo internacional. O movimento, no entanto, não deve ser o mesmo: se o petróleo lá fora cai 30%, o preço dos combustíveis no Brasil deve ter queda menor. Para José Mauro de Morais, pesquisador de energias renováveis e de petróleo e gás do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), a redução vai chegar ao consumidor final. “Os preços vão cair, mas não tanto quanto o petróleo lá fora. E também não deve haver uma queda simultânea. A expectativa é de que a Petrobras aguarde alguns dias, até que seja definido o novo patamar de preços.”

  • O governo deve aumentar impostos para compensar a perda de arrecadação?

Um aumento da Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico (Cide) sobre combustíveis está no radar dos especialistas no mercado de óleo e gás. Atualmente, a Cide é de R$ 0,10 para cada litro de gasolina. A medida, além de ajudar a aumentar a arrecadação, também serviria para evitar a queda brusca nos preços da gasolina e para não eliminar por completo a competitividade do etanol. “É impopular aumentar imposto, mas estamos em uma hora de anormalidade. É preciso criar um colchão, para amortecer as perdas com arrecadação e compensar a volatilidade”, diz Adriano Pires, do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE).

  • Vai haver queda na arrecadação de impostos do governo?

Sim. No ano passado, só o governo federal arrecadou R$ 27,402 bilhões com PIS/Cofins e Cide sobre combustíveis e é esperado que haja uma queda na arrecadação, caso o preço do barril do petróleo fique em um nível menor. No caso dos Estados, é cobrado o Imposto sobre a Circulação de Bens e Serviços (ICMS). Alguns Estados podem ser obrigados também a reduzir o ICMS sobre o álcool, para fazer com que ele fique mais competitivo.

  • A Petrobras está preparada para essa queda no preço do petróleo?

Na avaliação de economistas, a Petrobras está em um momento muito mais favorável para reagir a momentos de baixa do preço do petróleo. Se entre 2015 e 2016, quando o preço do petróleo chegou a US$ 30 o barril, a petroleira estava com dívida alta e as incertezas decorrentes do início da Operação Lava Jato, hoje, a dívida líquida foi reduzida, a produção de petróleo e de gás natural aumentou 5,4% no ano passado, em relação a 2018, e a empresa conseguiu vender ativos para se reequilibrar.

  • A cadeia de etanol vai sentir a queda nos preços dos combustíveis fósseis?

Sim. O impacto no setor vai depender do patamar em que o preço do petróleo irá se estabilizar nos próximos dias – e do quanto a Petrobras irá repassar a queda de preço para a gasolina e o diesel -, mas o setor deve, sim, ter de reduzir suas margens de lucro. Como a gasolina rende mais no motor do carro, abastecer com álcool é mais vantajoso se o preço for até entre 70% e 75% do valor da gasolina. Quando o preço do petróleo cai, o governo tende a aumentar a Cide sobre combustíveis também para dar mais competitividade ao etanol. (Com Agência Estado)

FONTE: METROPOLES

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